terça-feira, 15 de janeiro de 2008



















enganei-me nas reticências
do não dito
supondo-o subentendido
nas entrelinhas do tudo

mas nas metáforas
e paradoxos
ossos do ofício
tomei antíteses

e o trago que rasga o peito
depois de embargar
o desengano, que tenho
por salvaguarda, é efeito.

sábado, 5 de janeiro de 2008























arritmias pedem
mais que um cigarro,
uma carreira,
ou uma dose intravenosa
de colapso nervoso
almejam a overdose do medo
dentro da toca do coelho
enquanto a paranóia em eco diz:
“não há lugar melhor que nossa casa”

pés cheios de bolhas
tocam-se em fuga
presos em sapatos vermelhos
cantam compassos curtos
perdidos na cidade
de concreto e pó

sós e vazios
quase ignoram
esse cenário cinza
mareado de vergonha

personagens lendários
deslumbram-se
entre a ascensão
e a queda
sobre os tijolos
da estrada amarela
repetindo a canção conhecida:
“não há lugar melhor que nossa casa”

e se tantos sucumbem
ou perdem seus sapatos
nessa fúria alucinada
que representem em mim
as Alices, Cinderelas e Dorothys
na mesma estrada amarela
de uma aquarela
repleta de desespero
em tons
entre o azulado
e o carmim.