quarta-feira, 29 de setembro de 2010

enquanto viva
cedi aos ardores da carne
e da palavra estuque
por não ser pedra

vertente desaforada
labirinto de tímpanos torpes
e clarevidência disforme
na retórica inflamada

enquanto morta
entalharam-me em cera
para que o semblante
parecesse vivo

boca torta, noite escura
sem porta, nem dentadura
só a ditadura do silêncio
nula e crua em sonhos de papel

ergueram-me sobre um andor
que aponta para o topo do porém
tiraram-me a língua como castigo
por não me calar, como convém.

Um comentário:

  1. Vi seu comentário no meu blog só agora e vim te agradecer. Entrei no seu perfil e abri os seus 150 blogs, hehe, escolhi este, bati o olho nesta poesia e me identifiquei no ato. Mas vi que vc é completa: pinta bem, escreve prosas, é incrível! Mas, para quem já segue umas 400 pessoas, precisei escolher um espaço, e adorei aqui.

    Beijo, flor.

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