sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

das esperas


















rogo para que essa
vontade apazigúe
feito verão caído
num quase outono

a boca dela foi demais
para mim
uma agiota de extremos
nessa cama de hotel

mas tudo serena
quarto vazio
noites de teima
dias desastrosos

sorrindo ela mastigou
qualquer orgulho meu
calou em chuvas de prata
e deixou-me o cheiro de urina

e ainda sinto
o gosto dela
o ocre do sexo
em notas de absinto.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008















esquece-me
que já o fiz
estou de fora

nas alamedas
no vento baldio
ouço quem implora

nas paineiras
que dançam felizes
vejo a deflora

enquanto voa
redemoinho com elas
a tramela chora

e se vou infinita
sou pedra aflita
no reino da hora

não me peça
toma-me cálice
por inteiro e devora

soul-te
todo tempo
na demora.