terça-feira, 29 de dezembro de 2009

água

em sua boca
sou fluida
quase falida

em ventre
o gozo
quase parida

em lábios
essência
saliva

domingo, 29 de novembro de 2009


















morta

deleite insaciável deglutia
todas as subjetivas alheias
palavras roubadas e capengas
de quem mal se conhece e
mal sabe orar

que importa língua presa
gagueira, mal falar
restava o masturbar
para chamar atenção
pra si

terça-feira, 29 de setembro de 2009

amanhece,
em marina, em solo
de cabelos negros
sorriso de menino
chega-me e vá embora

deixe,
tudo está em calma
o mar em ti flutua
o sol em mim atua
um misto de solidão
e cura

deixa,
que amor é o melhor
é bem e o mal maior
que nos atinge em fúria
na luta de história sã.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

rósea






despetalou-se
entre meus
dedos frios

sexta-feira, 10 de julho de 2009

cravo


























rubro distendido
entre meu dente
e palato

entardece-me

quarta-feira, 10 de junho de 2009

das flores que não serão fruto




ouso tocar a figa
antes tardia
e vaga
que estéril

sexta-feira, 15 de maio de 2009

das súplicas



























cala a boca vazia
que sustenta a fala
em demagogia

vê o pranto alheio
derramado à revelia
e descarta-o por escanteio

finja não se tocar
com o olho-anseio
que teima em se rebelar

alça-te em vôo rasante
sê livre e intocado
ao menos por um instante

lembra do silêncio que te dei
dos segredos revelados em calos
no mimo rosado encarnado que doei

e finalmente recorda meu íntimo
que declinou em vã filosofia tua
e diante de ti mais uma vez peço:

cala a boca vazia
que sustenta a fala
em demagogia!