segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ontem estupramos
a pobre e inocente poesia
que suou quase calada
nos respingos primaveris
das bandas do planalto

não se assustem!
nem foi tão a seco!
metemos-lhe o cuspe
sem carinho e a esmo
nos fartamos!

abusamos dela
literalmente
e ali cuspida,
gozada e surrada,
parecia entregue, morta

mas pasmem,
“ela não morreu!”
tal qual seu par
o velho rock in roll
aguentou firme
virou a cara
e deixou-se levar

foi pedofilia rimada
armada em
palavra, revólver
e concreto
na cidade do desperdício

hei, João!
apruma e cura-te
da ressaca moral
dos verbos ressecados
de Ferreira Gullar

avisa pro pessoal
no Salute
que a poesia jaz-viva
e tomamos dela
toda noite de quinta
com café e versos
fodidos, torrados e moídos
na hora!