cada segundo descansa sob
as horas cativas e inertes
fazem-me fórceps e vértice
na intenção de ser
ah, belo desmundo de não-ser
é tão leve e oportuno
quase um endeusamento
do inexistir
sangria doce e mal cheirosa
que vinga a culpa na carne
desonra a palavra e não cala
apenas exala o cheiro do sonho
de não ser
atrevi-me a entrar em teu mundo
que declinou-se no meu
verde e vertido no soco seco
da vasta invenção de ser
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
tourada
há equilíbrio no embate
ambos esguios
de nobre casta
numa dança no centro
cheios de paixão
e loucura
são apenas um
carne da carne
sem ferros ou cercas
por lá a bandarilha
e os chifres lembram
que tudo é batalha
que se ferem e matam
então investem audazes
o touro se erguia cingido
palmas e desespero
não mais que três golpes
e no meio da praça
declinou-se o espetáculo
ali jaz mais um toureiro.
ambos esguios
de nobre casta
numa dança no centro
cheios de paixão
e loucura
são apenas um
carne da carne
sem ferros ou cercas
por lá a bandarilha
e os chifres lembram
que tudo é batalha
que se ferem e matam
então investem audazes
o touro se erguia cingido
palmas e desespero
não mais que três golpes
e no meio da praça
declinou-se o espetáculo
ali jaz mais um toureiro.
domingo, 2 de outubro de 2011
talvez
e sem motivo algum
eu me jogue
sem leitmotiv
feito dados no veludo azul
esperam muito em jogos
em especial
nos de azar
e eu, sem razão.
eu me jogue
sem leitmotiv
feito dados no veludo azul
esperam muito em jogos
em especial
nos de azar
e eu, sem razão.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
súplica
vê que já nem peço ternura
que o remonte que temos basta
traz seu couro cru
a casta figura nata
vem que é semana de lua
e sei só de urgências
vem que desaprendi esperar
vê que já nem peço amor
palavra que o tempo oxidou
traz seu falso alento
quero apenas clarear
alvorada cândida
ao relento dessas noites
que mal me dou
me faz sangrar.
que o remonte que temos basta
traz seu couro cru
a casta figura nata
vem que é semana de lua
e sei só de urgências
vem que desaprendi esperar
vê que já nem peço amor
palavra que o tempo oxidou
traz seu falso alento
quero apenas clarear
alvorada cândida
ao relento dessas noites
que mal me dou
me faz sangrar.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
tuas
gotas figuradas
que caem do queixo
feito pingos vertebrados de luz
resvalam na narina
trêmula, ofegante
e flamejam em minha face.
que caem do queixo
feito pingos vertebrados de luz
resvalam na narina
trêmula, ofegante
e flamejam em minha face.
sábado, 2 de julho de 2011
Trópico de capricórnio
qual ficção celeste
essa linha imaginária
transfigura mapas
e ameniza calores
se não fosse o paralelo sul
onde meu equador abranda
seria liberta a febre tropical
que consome certos limites
hei de controlar meus solstícios
e essa desistência opaca
quase uma declinação ao frágil
hei de controlar as dores
e essa permanência estática
esse meridional em mim
essa linha imaginária
transfigura mapas
e ameniza calores
se não fosse o paralelo sul
onde meu equador abranda
seria liberta a febre tropical
que consome certos limites
hei de controlar meus solstícios
e essa desistência opaca
quase uma declinação ao frágil
hei de controlar as dores
e essa permanência estática
esse meridional em mim
quinta-feira, 2 de junho de 2011
trópico de câncer
ao marcar-me uma linha
como quem demarca
território vasto e improdutivo
feriu-me de modo permanente
pereceu-me cálido
ao meiar meu hemisfério
e santo ao devastar crenças
ao deitar-se efêmero
fez-se diáspora setentrional
ameno, quase ingênuo
meu equador
esfriou e saiu
minhas lembranças
viraram meninas cegas
numa gleba inóspita
fria e decadente.
como quem demarca
território vasto e improdutivo
feriu-me de modo permanente
pereceu-me cálido
ao meiar meu hemisfério
e santo ao devastar crenças
ao deitar-se efêmero
fez-se diáspora setentrional
ameno, quase ingênuo
meu equador
esfriou e saiu
minhas lembranças
viraram meninas cegas
numa gleba inóspita
fria e decadente.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
meridiano
recebeu meu colo
como se sacro fosse
beijou-me os olhos
como se jóias fossem
acolheu-me
meridiano
sol de janeiro
e ano inteiro
como se sacro fosse
beijou-me os olhos
como se jóias fossem
acolheu-me
meridiano
sol de janeiro
e ano inteiro
sábado, 2 de abril de 2011
meu bem querer diz
dorme e sonha
ainda falarei dos trigais
ele ri
zomba de minha devoção
do meu amor idílico
de meus sonhos surreais
das fomes e ganas
que sinto
e olhando para o céu
sem estrelas
fala dos meus mortos
que andam vivos
e de vivos
que já se foram há tempos
e assim,
morrerei girando
como moinhos de vento
fazendo dançar
os campos dourados
nas noites de lua.
ainda falarei dos trigais
ele ri
zomba de minha devoção
do meu amor idílico
de meus sonhos surreais
das fomes e ganas
que sinto
e olhando para o céu
sem estrelas
fala dos meus mortos
que andam vivos
e de vivos
que já se foram há tempos
e assim,
morrerei girando
como moinhos de vento
fazendo dançar
os campos dourados
nas noites de lua.
quarta-feira, 2 de março de 2011
melancólico pierrô
se a vida não fosse tão triste
diria para sorrir
se a existência fosse tão bela
diria para não chorar...
mas é que inspira-me
a dor e a fragilidade
seus olhos tristonhos
soam-me sonhos
de uma noite que não virá...
seu olhar vazio
devotado a um canto escuro
não reflete mais
do que somos,
do que temos e tanto tememos...
chore sim, pequeno pierrô
pois a vida é colombina
traz sombras femininas
desilusões de adulto
num corpo de menina.
diria para sorrir
se a existência fosse tão bela
diria para não chorar...
mas é que inspira-me
a dor e a fragilidade
seus olhos tristonhos
soam-me sonhos
de uma noite que não virá...
seu olhar vazio
devotado a um canto escuro
não reflete mais
do que somos,
do que temos e tanto tememos...
chore sim, pequeno pierrô
pois a vida é colombina
traz sombras femininas
desilusões de adulto
num corpo de menina.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
ironia
meus erros definem
quem eu sou
diz se há glória
ou fracasso
eu digo que uma visão
dentro de um limite
cognitivo
jamais poderia
cercar o certo e o errado
ou qualquer outra
dicotomia
quem eu sou
diz se há glória
ou fracasso
eu digo que uma visão
dentro de um limite
cognitivo
jamais poderia
cercar o certo e o errado
ou qualquer outra
dicotomia
domingo, 2 de janeiro de 2011
isso que me vem
em pequenas caixas
nada mais que marcha
para o furico mais cretino
do escândalo
faíscas
só incendeiam e apagam
riscam traçado fino
o caminhar nulo
repetitivo dos palitos
de ponta escarlate
encandeiam
demasiado cretinas
intuições abalizadas
de quem nada quer saber
compartimentados
natimortos espalhavam-se
no chão feito gravetos
mal queimados
moedinhas de um centavo
brincando
de quem se queima primeiro.
batismais
os tais
senhores fatais
fósforos
nada mais que marcha
para o furico mais cretino
do escândalo
faíscas
só incendeiam e apagam
riscam traçado fino
o caminhar nulo
repetitivo dos palitos
de ponta escarlate
encandeiam
demasiado cretinas
intuições abalizadas
de quem nada quer saber
compartimentados
natimortos espalhavam-se
no chão feito gravetos
mal queimados
moedinhas de um centavo
brincando
de quem se queima primeiro.
batismais
os tais
senhores fatais
fósforos
Assinar:
Postagens (Atom)