palavras são gametas
monstros com três tetas
chafurdando na lama
do poço de dentro
as retinas vão aos ossos
vistos de fora para o centro
mergulhados no mesmo
abismo bestial
e vivos obra e observador
são parte do jogo
pacto fraco
ou ardor franco
coabitam mundos
íntimos e difusos
absurdos e compatíveis
como preto e branco
em algum momento
convergem ao mesmo ponto
rabisco e visgo
um é o embuste
outro papel de embrulho
de olhos e letras
faz-se o não dito.
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
ontem estupramos
a pobre e inocente poesia
que suou quase calada
nos respingos primaveris
das bandas do planalto
não se assustem!
nem foi tão a seco!
metemos-lhe o cuspe
sem carinho e a esmo
nos fartamos!
abusamos dela
literalmente
e ali cuspida,
gozada e surrada,
parecia entregue, morta
mas pasmem,
“ela não morreu!”
tal qual seu par
o velho rock in roll
aguentou firme
virou a cara
e deixou-se levar
foi pedofilia rimada
armada em
palavra, revólver
e concreto
na cidade do desperdício
hei, João!
apruma e cura-te
da ressaca moral
dos verbos ressecados
de Ferreira Gullar
avisa pro pessoal
no Salute
que a poesia jaz-viva
e tomamos dela
toda noite de quinta
com café e versos
fodidos, torrados e moídos
na hora!
a pobre e inocente poesia
que suou quase calada
nos respingos primaveris
das bandas do planalto
não se assustem!
nem foi tão a seco!
metemos-lhe o cuspe
sem carinho e a esmo
nos fartamos!
abusamos dela
literalmente
e ali cuspida,
gozada e surrada,
parecia entregue, morta
mas pasmem,
“ela não morreu!”
tal qual seu par
o velho rock in roll
aguentou firme
virou a cara
e deixou-se levar
foi pedofilia rimada
armada em
palavra, revólver
e concreto
na cidade do desperdício
hei, João!
apruma e cura-te
da ressaca moral
dos verbos ressecados
de Ferreira Gullar
avisa pro pessoal
no Salute
que a poesia jaz-viva
e tomamos dela
toda noite de quinta
com café e versos
fodidos, torrados e moídos
na hora!
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
o silêncio que precede o gozo
sua expressão
chorosa
mal suporta
o pulsar de de teu desespero
palpita entre dois mundos confusos
tênues, obtusos,
frágeis e necessitados de si
asas pares
em vôo rasante
rumo ao infinito incerto
desagregadas e tuas
vidro
pedra
sombras
nativas ativas, vãs,
voam
chorosa
mal suporta
o pulsar de de teu desespero
palpita entre dois mundos confusos
tênues, obtusos,
frágeis e necessitados de si
asas pares
em vôo rasante
rumo ao infinito incerto
desagregadas e tuas
vidro
pedra
sombras
nativas ativas, vãs,
voam
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
enquanto viva
cedi aos ardores da carne
e da palavra estuque
por não ser pedra
vertente desaforada
labirinto de tímpanos torpes
e clarevidência disforme
na retórica inflamada
enquanto morta
entalharam-me em cera
para que o semblante
parecesse vivo
boca torta, noite escura
sem porta, nem dentadura
só a ditadura do silêncio
nula e crua em sonhos de papel
ergueram-me sobre um andor
que aponta para o topo do porém
tiraram-me a língua como castigo
por não me calar, como convém.
cedi aos ardores da carne
e da palavra estuque
por não ser pedra
vertente desaforada
labirinto de tímpanos torpes
e clarevidência disforme
na retórica inflamada
enquanto morta
entalharam-me em cera
para que o semblante
parecesse vivo
boca torta, noite escura
sem porta, nem dentadura
só a ditadura do silêncio
nula e crua em sonhos de papel
ergueram-me sobre um andor
que aponta para o topo do porém
tiraram-me a língua como castigo
por não me calar, como convém.
domingo, 29 de agosto de 2010
o rei de olhos vesgos
como pôde meu rei
ir sem dizer adeus
foi cedo
mais cedo que todos
sem sussurro
sem chorar
deixou-m um filho
bastardo filho
só príncipes morrem assim
e só era rei aqui
temi pelo dia que
choraria nosso fruto
e chorei
vi os olhos cinzentos
e me perguntava o motivo
não sabia que era morto também
inconsolável dor
ontem nasceu
morreu-me feto
o filho do rei de olhos vesgos
hoje tenho-os tortos
um que me olha o chão
outro que me escuta o umbigo.
ir sem dizer adeus
foi cedo
mais cedo que todos
sem sussurro
sem chorar
deixou-m um filho
bastardo filho
só príncipes morrem assim
e só era rei aqui
temi pelo dia que
choraria nosso fruto
e chorei
vi os olhos cinzentos
e me perguntava o motivo
não sabia que era morto também
inconsolável dor
ontem nasceu
morreu-me feto
o filho do rei de olhos vesgos
hoje tenho-os tortos
um que me olha o chão
outro que me escuta o umbigo.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
ensaio vermelho
canção tingida
encarnada boca rija
chicote ímpio
das esquerdas, de paixões
devassidões e taras
conjugar-te rubro
flameja-me escarlate.
encarnada boca rija
chicote ímpio
das esquerdas, de paixões
devassidões e taras
conjugar-te rubro
flameja-me escarlate.
terça-feira, 29 de junho de 2010
meus terços
não me peçam nada
é o que tenho
de quarta a segunda
que me lembrem nas terças
apenas na terceira hora do dia
em trinca de hora
e que não precisem de mim
nas quintas
nunca tenho dinheiro
nas sextas
estou bêbado
caído
aos sábados sou da família
e aos domingos do banheiro
ou do puteiro
não me dou nem pela metade
oro para que me esqueçam
aos poucos.
é o que tenho
de quarta a segunda
que me lembrem nas terças
apenas na terceira hora do dia
em trinca de hora
e que não precisem de mim
nas quintas
nunca tenho dinheiro
nas sextas
estou bêbado
caído
aos sábados sou da família
e aos domingos do banheiro
ou do puteiro
não me dou nem pela metade
oro para que me esqueçam
aos poucos.
sábado, 29 de maio de 2010
quinta-feira, 29 de abril de 2010
incisivo
I
cortante movimento de prazer
sob ele curvam sólidos
refestelam líquidos
pervertem aborrecidas virgens
em solstícios sexistas
entre lábios e clitóris
confronta a sede dialética
coincide e confunde-se
em exultações e rigidez
conas e bocas são iguais
entre incisivos subvertem
vigoram como armadilhas
e caem em ciladas
misoginias e outros jogos
entregam-se à gula
não têm pudor
vingam-se em emboscadas
de desejos e gana.
cortante movimento de prazer
sob ele curvam sólidos
refestelam líquidos
pervertem aborrecidas virgens
em solstícios sexistas
entre lábios e clitóris
confronta a sede dialética
coincide e confunde-se
em exultações e rigidez
conas e bocas são iguais
entre incisivos subvertem
vigoram como armadilhas
e caem em ciladas
misoginias e outros jogos
entregam-se à gula
não têm pudor
vingam-se em emboscadas
de desejos e gana.
segunda-feira, 29 de março de 2010
canino
I
mordedura revelada
sem ater-se à presa
ou à agonia
do olho dilacerado
quatro lâminas a se tocar
nas pontas afiadas saboreia
a devoção ao sangue
refestelada na língua
entrega-se aos recortes
miúdos e quase mudos
à dor alheia
à liberdade entre os dentes
e ao nocauteado resta a lona
os caninos cravados
na nervura da carne
do confete rubro no chão.
mordedura revelada
sem ater-se à presa
ou à agonia
do olho dilacerado
quatro lâminas a se tocar
nas pontas afiadas saboreia
a devoção ao sangue
refestelada na língua
entrega-se aos recortes
miúdos e quase mudos
à dor alheia
à liberdade entre os dentes
e ao nocauteado resta a lona
os caninos cravados
na nervura da carne
do confete rubro no chão.
sábado, 27 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
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