sábado, 15 de março de 2008

classicismo



















no palco da poesia vã
não felarei putas ou santas
todas gozam em decassílabos
gemem e gritam almas entre suas ancas
fazem-no em dodecassílabos perfeitos

nos porões da retórica válida
não abocanharei os falos que apontam
para o céu em êxtase prosaico
todos oram, choram e clamam
pelo orifício alheio e laico

cansei de meu classicismo de outrora
cairei de boca nos calos malfeitos
jogarei pudores que não tenho fora
e preconizarei o fogo dos deleites
rasgarei as tangas mínimas em deflora
com dentes podres e verbos imperfeitos.

quarta-feira, 5 de março de 2008



















do sexo binário
ao complexo signo irrelevante da palavra
poderiam afirmar que “só o amor constrói”

das disputas seminais
ao fecundar de um óvulo maduro
poderiam afirmar que “só os mais fortes vencem”

da gonorreia venérea
à verborreia cíclica dos signos e afluentes
afirma Rita Lee que “sexo é animal, amor é bossa nova”

sou fruto de duas forças, Zeus me gerou e uma ninfa me concebeu
sou desavisado espermatozóide vencedor, perdido em nevralgias
antes não ter corrido, antes o cancro perdedor ao som de Sex Pistols!